quinta-feira, 30 de julho de 2015

Efeito Borboleta

Tudo seria diferente se, naquele dia, 28 de maio de 2009, eu tivesse virado o rosto e dito alguma coisa para a garota do meu lado. Talvez ela também quisesse estar comigo e tivesse sido aquele o meu primeiro beijo. E talvez o segundo, o terceiro, o quarto... Seria possível que eu a encontrasse novamente no dia 29. Poderíamos ter rido algumas vezes juntos e andado de mãos dadas pelo colégio. Se fosse assim, Camila nunca teria me dito que aquela garota era uma nojenta, na segunda-feira, 1º de julho. Eu provavelmente estaria com essa garota em algum outro lugar. Talvez ela fizesse com que Camila se afastasse de mim. E eu aceitaria de bom grado esta mudança.

Isso com certeza me afastaria da possibilidade de ter cantado “Tempo Perdido” com Camila no ano seguinte, 2010. Se eu tivesse namorando em 2009, seria possível que meus amigos de 2009 não fossem assim tão amigos em 2010. E se eles não fossem tão amigos assim, eu talvez tivesse escolhido estudar inglês no meu ensino médio. E também nunca teria cantado “Tempo Perdido” na formatura em 2011, porque eu nunca teria cantado isso na frente de tantas pessoas. Mas eu poderia ter entrado no coral em 2012, pois a garota que eu beijei em 2009 também entrou. Talvez a gente terminasse o namoro em 2012, porque ela já estava bem diferente, e nossos gostos não são tão parecidos assim.

No coral, eu talvez tivesse conhecido Marcos, Pedro, Johanns e os demais. Se bem que eu não seria da turma de francês, porque meus amigos que escolheriam francês não eram mais amigos, já que me afastei deles em 2009⁄2010. Se eu não era mais de francês, isso quer dizer que minha turma seria outra. Eu provavelmente seria menos carente de amizades e talvez eu me irritasse com o autoritarismo do Marcos. Talvez eu achasse o Johanns politizado demais, e provavelmente confundiria Pedro e Tomás. Simples assim. Eu estaria na era de ouro do Coral, mas não ficaria muito feliz com o que encontraria ali. Seria possível que eu não gostasse tanto de cantar como solista e, provavelmente, nunca cantaria no Festival.

Em 2013, eu provavelmente teria que correr contra o tempo para estudar para vestibular e escola. Talvez não tivesse gerado o Apartheid da turma de francês. Talvez eu nunca tivesse tentado aprender alemão. Pode ser que eu não tivesse vontade de publicar um livro (quiçá dois). Eu provavelmente iria odiar o Marcos. Eu nunca estaria ali quando ele viesse com uma ideia de criar um blog. Eu poderia gostar de álcool. Eu poderia ter bebido na noite em que o Bistrô 33 foi criado. Eu poderia acordar com ressaca na manhã do dia seguinte. Eu nunca teria escrito O Garçom, O Bom Exemplo, Homens, A lenda do Cavalheiro de Prata... Talvez a Olivia nunca tivesse existido. Provavelmente o Bistrô não teria uma equipe tão grande. Provavelmente eu nuca tivesse recrutado essas pessoas para um blog. Provavelmente eu nunca teria permanecido no Coral em 2014. Provavelmente eu nunca teria conhecido muita gente. Provavelmente eu não teria conhecido você. Provavelmente eu nunca teria me apaixonado por você.

Tudo isso, porque eu travei em 2009. Tudo porque eu não olhei para o lado. Tudo porque eu não vi a garota parada do meu lado. Por um olhar, minha vida teria se tornado mais obscura sem você. Por um olhar, eu escapei de uma vida medíocre. Por um olhar.


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