‒ Olha aquele ali.
Alto, desengonçado, “mó” cara de débil.
‒ Saca a baixinha de
aparelho, parece um jegue com caxumba.
‒ O loirinho, todo
peludo! Que coisa estranha... Parece o filho da Chita. Vai comprar gilete,
macaco!
‒ A girafa lá. Garota
dos infernos!
‒ Acho que esse é o
grupo mais bizarro que eu já vi. Cirque
de Soleil deve tá procurando.
‒ Ou Lady Gaga, para
aumentar a legião do Freak Show.
‒ Saca só, eu acho que
eles estão falando da gente.
‒ Da gente?! Mas o que
pode ter para falar da gente?
‒ É, nós não temos nada
de estranho.
‒ Nada. Absolutamente
nada, mas... Será que eles acham a gente estranho?
‒ E quem são eles para
achar alguma coisa?!
‒ Sei lá, mas tem um
grupo ali...‒ aponta para o lado da moldura. ‒ Eles parecem legais, e não
param de falar da gente.
‒ Onde? Não consigo
ver...
‒Ali, atrás da moldura
gasta.
‒ Moldura?!
‒ Sim, tem uma moldura
logo ali.
‒ Mas o que é essa
moldura afinal de contas?
‒ Não sei, vamos até lá
pra ver.
Andam até a moldura.
‒ Pra que serve uma
moldura?
‒ Bem... AS molduras
envolvem obras.
‒ Mas que obra?! Não
vejo nada além daqueles garotos estranhos.
‒Veja! O altão está
vindo na nossa direção.
‒ Dá um soco nele.
Dá.
O espelho então se
quebra.
Os pedaços ficam no
chão.
Os estranhos somem da
moldura.
Continuam lá.
Um estranho dentro de
cada um.
E o monte de risadas
surge.
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