Olhos
arregalados, coração acelerado, boca estalando, louco para falar,
gritar suas ideias. E assim o mendigo permaneceu do lado de fora do
estabelecimento, contemplando a televisão. O político que aparecia
era algum, com a mesma pose de algum nessas condições. Os olhares
que observavam a mesma televisão estavam discordando e muito. A obra
iria acontecer. Mesmo o povo não querendo. Então isso era poder.
Era impor, gritar, não ter razão. O mendigo então seria um líder,
porém, não daqueles que se vê na televisão, mendigo não aparece
na TV, só queles falsos. Ninguém, sabe o que é ser mendigo. Só o
mendigo. Faria então a associação dos mendigos. Vamos fazer
revolução.
O
mendigo criou regras, estabeleceu um manual, mas tudo passado de fala
para fala, mendigo não sabe escrever, Já tinha três seguidores,
devia ter mais pessoas fiéis a ele do que aquele tal político.
Marcaram uma passeata. Fizeram gritos e cantos. Queriam seus direitos
garantidos. Saneamento básico, saúde, alimentação, talvez,
educação. Mendigos queriam poder ser professores também. Ou
médicos. Tudo menos ator e político. Tudo falso, muito fingimento.
Marcharam pela rua a dentro, o
mundo afora. Mudariam de vida, chamariam atenção, fariam
revolução.
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